7 - documentário económico-social

INSIDE JOB   (em Portugal.: “A verdade da crise”)


ou... AS PROVAS DO CRIME

Género: Documentário
Ano: 2011
Realizador: Charles Ferguson
Classificação: Imperdível *****
Ficha técnica: http://www.imdb.com/title/tt1645089/

Para ver o filme integral, dobrado em Português Br. clique AQUI

Essencial  à compreensão da crise de 2008, dita do Subprime ou Bolha do Imobiliário.
Título difícil de traduzir (literalmente seria algo como “Criminosos de confiança”), mas aceita-se o título do distribuidor. De facto o filme faz luz sobre a vertiginosa crise mundial, na sequência da falência de alguns dos principais bancos, seguradoras e hipotecadoras norte-americanos (Lemon Brothers, Morgan Stanley, AIG, Fiana Mail,  Fredie Mae,  etc.) decorrente de prejuízos das suas aplicações em CDO´s (Colatarized Derivative Options, títulos derivados de hipotecas e outros bens imobiliários). Só na praça financeira de Londres, a seguradora AIG deu cobertura a 500 biliões de dólares de CDO’s. Ora, estes títulos na sua maioria não tinham suporte real, correspondiam a vendas de casas com valores inflacionados ou a garantias incobráveis e fraudulentas.
AS COMPONENTES DA BURLA...
O filme detalha as componentes da mega-burla, com relevo para as tristemente famosas  agências de rating (S&P, Fitch, Moody’s) que reiteradamente caucionaram a gigantesca fraude, fosse mediante classificações triplo  A a títulos que não passavam de lixo, incluindo na fraude professores universitários (por ex.º de Harvard, entre outros, o próprio diretor John Campbell), pagos a peso de ouro, que deram  pareceres usados pelo lobby da desregulamentação do mercado, no sentido da livre rédea aos especuladores e escroques de colarinho branco que iam (e vão, eles continuam lá) fazendo fortunas incalculáveis, lucros de milhões de dólares em poucas horas ou dias!
... E A SUA DIMENSÃO
Para se compreender a dimensão da hiper-burla, num único dia as bolsas mundiais movimentam quantias superiores ao PIB de vários países. Mesmo que somente uma parte destes negócios fosse fraudulenta, tratou-se, em minha opinião, do maior roubo da História mundial, só comparável à pilhagem colonial e à escravatura. Com a diferença de que estas decorreram ao longo de séculos, enquanto o saque fraudulento nas bolsas que culmina na crise de 2008, se realiza basicamente em 7 anos, de 2001 a 2008. São valores incalculáveis desviados da classe média para as contas bancárias dos especuladores. Só os contribuintes norte-americanos – calculam alguns especialistas citados no filme - pagaram mais de 150 mil milhões de dólares (US$ 150.000.000.000) pelos resgates de empresas falidas por causa da crise. Razões para que se classifique os responsáveis desta mega-fraude, sem sombra de demagogia, como terroristas financeiros.
O filme informa que, entre 1980 e 2010, 90% dos norte-americanos perderam rendimento real, revertido a favor dos magnatas que constituem apenas 1% da população. Para dar exemplos de outros países, é sabido que a Islândia, mercê do envolvimento da sua banca, acabou na insolvência. Singapura, um dos mais dinâmicos  “tigres asiáticos”, viu as suas exportações cairem 30% e o PIB  9% na sequência da crise de 2008. A crise assustadora das dívidas soberanas que se vive na Europa ainda agora, é em boa parte uma réplica da crise do "subprime", apenas adaptando a técnica especulativa às dívidas soberanas, e aparentemente instrumentalizando a especulação ao serviço de um golpe político de âmbito mundial, com vista à recomposição do poder na Europa.
UMA DENÚNCIA DE CLAREZA IMPLACÁVEL
O método de exposição usado em INSIDE JOB é brilhante, diferindo no formato do tradicional documentário. Não só põe a nu, sem ambiguidades, dezenas de agentes da mega-fraude, confrontando-os ao vivo e a cores com a inconsistência das suas próprias declarações, como explora inteligentemente  tanto o que dizem como o que evitam dizer. Tudo num estilo de reportagem televisiva e a um ritmo que deixa o espectador sem fôlego.
OBAMA - REFÉM OU CÚMPLICE?
Um momento alto do filme é a revelação da política colaboracionista do presidente Obama,  que prometeu nas eleições ajustar contas com a banca, e afinal reconduz em funções estratégicas alguns dos principais envolvidos no sistema fraudulento. Ben Bernanke, que já ocupava funções oficiais ao tempo de George W. Bush, havia sido alertado por Robert Genaizda e outros, múltiplas vezes, antes da "bolha" rebentar e reagiu assobiando para o ar... pois acaba sendo nomeado por Obama em 2009 para nada mais nada menos que presidente do F.E.D., banco central dos E.U.A.!
Vários outros membros da equipa económica de Obama tiveram elevadas responsabilidades na crise, como Thimoty Gheithner, ex-presidente do FED em Nova Iorque, ou Lewis Saderssain, ex-Goldman Sach’s, Mary Shapiro, consultora que apoiou o sistema fraudulento, ou Rahn Emanuel, ex-Fredie Mae. Aliás, a generalidade dos responsáveis pela crise fraudulenta, não só não foram punidos, como muitos deles tiveram ainda direito a despedimento com indemnizações milionárias! 
ESTE FILME É PARA SI
Se quer entender como esta crise não foi mais que um crime contra a humanidade, do qual todos estamos a, ou vamos em breve, sofrer as consequências, INSIDE JOB dá um contributo fantástico, mesmo que não chegue a abordar o fundo da questão, que é económico, incluindo o problema do dólar, que o complexo político-militar norte-americano força a que seja a moeda mundial - essas são as verdadeiras raízes do problema. 

O filme aflora-as de leve, nos poucos apontamentos sobre a desindustrialização maciça dos EUA motivada pela concorrência das economias emergentes do 3º Mundo, em particular a China.
Se não é especialista em crimes económicos, o filme é um documento duma simplicidade e clareza exemplares. Se é, nele pode confirmar, sem equívocos, as provas do crime.


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